segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO
O presente resumo tem-se como objetivo apresentar a importância das atividades lúdicas e de
jogos em todo o processo de desenvolvimento da criança atendida na educação infantil para as
demais áreas de aprendizagem. As etapas de desenvolvimento devem ser conhecidas para que
as atividades lúdicas e jogos desempenhem não apenas o prazer da criança em brincar, mas
desenvolva outras habilidades que são essenciais como cognitiva, motora, e afetiva. Apresenta
alguns autores dentre que abordam a importância do tema proposto para o desenvolvimento
nos aspectos que trabalham a ação motriz da criança. Para tanto, o trabalho com atividades
lúdicas e com jogos é primordial em todo este processo, visto que, brincar é a essência da
criança e através da brincadeira ela constrói e reconstrói sua personalidade e seu mundo,
assim estruturando-se para desafios posteriores.
Palavra chave: Atividades Lúdicas. Jogos. Criança. Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
 O presente trabalho abordou alguns aspectos relevantes para a prática de atividades
lúdicas e jogos na educação infantil se dará através de análise da concepção de
desenvolvimento infantil e a metodologia realizada pelo docente que atende esta faixa etária,
tendo em vista que, a primeira infância é desenvolvida seguindo determinadas etapas
evolutivas, assim se faz necessário à importância do educador conhecê-las para melhor
1
 Izabel Cristina Ferreira de Melo, graduada em Letras, pela Universidade Norte do Paraná (Unopar), pós-graduada em Psicopedagogia pela
ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e cursando pós-graduação em Psicomotricidade pela UCP e Instituto Rhema
Educação em Arapongas – Paraná.
2
 Nilton Cavalari, professor orientador, mestre em Matemática, pela Universidade Estadual de Londrina(UEL) – Paraná e ex-docente da
Universidade Estadual de Londrina(UEL), Universidade Paranaense(UNIPAR), Universidade Norte do Paraná(UNOPAR) e professor do
Instituto Rhema Educação.
realizar seu trabalho junto às crianças, pois para cada nível de desenvolvimento há uma
atividade ou jogo adequado a ser realizado. Pois durante a evolução da criança ela precisa ser
estimulada em todos os seus aspectos e as atividades lúdicas, desempenham uma função
prazerosa para a criança, neste aspecto a criança realiza uma atividade que lhe dá prazer e
desenvolve as habilidades motoras, cognitivas, afetivas e morais.
Sabendo-se que os jogos e as brincadeiras sempre estiveram presentes na vida do
homem. Caçar, relacionar-se com a natureza, dominar a fala, descobrir a roda e o fogo, são
atos que surgiram de jogos e brincadeiras que fazem parte da relação humana.
 Nesta perspectiva o jogo é um fator importante para se conhecer os povos e seus
costumes. Na educação, os jogos ultrapassam a linha do tempo e permeiam muitas gerações.
Apesar de toda modernidade, os jogos e brincadeiras do passado ainda são importantes para o
universo infantil. As crianças ainda brincam das mais variadas brincadeiras que foram lhes
passadas através de avós, ou pessoas adultos que lhes são muito próximas. A importância de
uma educação mais abrangente faz com que procuremos novas saídas para suprir as carências
encontradas nas instituições de ensino. Atualmente, a maior luta é por um ensino mais
humano, voltado para real interesse dos alunos, tornando-os agentes do processo educacional.
2.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Tendo em vista o desenvolvimento das fases evolutivas da criança, que são algo que
lhes acompanham principalmente durante sua infância, este artigo apresenta em seu contexto,
o conceito sobre atividades lúdicas com jogos na Educação Infantil.
Para a realização desse trabalho utilizou-se uma pesquisa bibliográfica com autores
que abordam concepções sobre a primeira infância e a objetividade da participação das
crianças através da ludicidade, na qual o jogo e a brincadeira trazem para essa faixa etária. E
como complemento fez se necessário à observação da prática pedagógica com brincadeira e
jogos lúdicos direcionados para cada etapa que se deve trabalhar no Centro Educacional
Infantil.
 Portanto, com o conhecimento teórico e prático sobre as fases de desenvolvimento
infantil, e o trabalho com as atividades lúdicas, pode-se analisar a importância e os benefícios
psicomotores para o desenvolvimento global da criança, obtendo-se assim êxito na prática
para as demais aprendizagens as quais designadas para a Educação Infantil.
3 DESENV0LVIMENTO
3.1 Conceitos de Atividades Lúdicas
Durante muito tempo a recreação e o brincar tiveram um enfoque centrado apenas no
brincar por brincar, pensava-se na brincadeira e no jogo como uma simples atividade humana
relacionada à infância. Brincar é uma atividade universal e extremamente humana, e assim
sendo, o brincar se constitui de dupla utilidade: ele funciona tanto como estratégia para a
construção da individualidade, sendo entendida como a relação contínua entre o ser e o meio,
(meio físico e das representações), e como situação para a compreensão e inserção da criança
na cultura a que pertence, portanto, è sabido que as atividades lúdicas aplicadas com crianças,
sendo direcionada ou livre têm sua função em dois sentidos: um antropológico e o outro
psicológico.
Para Educação Infantil, a atividade recreativa tem aspectos importantíssimos, pois o
brincar não constitui apenas uma atividade para passar o tempo, mas tem uma função
primordial nos aspectos que envolvem a criança, possibilitando o desenvolvimento integral, já
que ela está inserida em um ambiente no qual se torna na maioria das vezes uma parte do seu
lar, assim a criança enreda-se afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente ações.
A criança brinca e ao mesmo tempo adquiri o autoconhecimento que parte da descoberta do
próprio corpo e engloba naturalmente a cultura e se conhece num determinado contexto.
O trabalho com a educação infantil não é apenas o cuidar, mas também priorizar o
desenvolvimento de uma consciência corporal, de um entendimento do corpo e suas
possibilidades. A criança só se interessa por aquilo que tem significado para ela. Assim a
adequação das atividades exige do professor um conhecimento das necessidades e
possibilidades do mundo infantil.
(...) trabalhar com o que há de positivo na criança; interessa-nos pelo que ela sabe
fazer e não pelo o que não sabe faze. É a partir daí que a relação pedagógica pode
descontrair-se, a situação deixa ir de ser dramatizada e a criança reencontrar a
confiança e a segurança. [...] Neste ponto abandonamos o modelo médico
[higienista]: diagnóstico, prescrição, tratamento, modelo sobre o qual funcionam os
estabelecimentos de reeducação. [...] A partir daí, com efeito, não existe mais
“reeducação”. Tudo se torna educação, tal como nós a concebemos, ou seja,
desenvolvimento das potencialidades próprias de cada criança. (LAPIERRE. 1988,
p. 13)
Nas escolas de Educação Infantil observa-se a importância cada vez maior pela prática
de atividades lúdicas nas propostas pedagógicas desenvolvidas com as crianças, devido a uma
nova visão, do que e a Educação Infantil, pois é fundamental se ter um conhecimento amplo
do que é a primeira infância para que se possam desenvolver atividades coerentes,
relacionadas a um ciclo de vida pleno de possibilidades.
Para tanto, a atividade lúdica vai além do simples ato de brincar, mas é uma
experiência riquíssima para a criança, a qual ela desenvolve atitudes mais amplas de suas
competências psicomotoras e sociais, as quais estão interligadas com o desenvolvimento
psicológico, motor e cognitivo da aprendizagem. Assim o espaço de educação infantil e onde
acontece o processo educativo em todos os seus aspectos, portanto, é construído a todo o
momento, de forma dinâmica e permanente, com trocas mútuas de sentimentos, experiências e
conhecimentos, no qual a criança é o agente central. Assim sendo, a educação infantil deve
produzir em seus espaços de ensino, momentos de prazer, de lazer e de construção do lúdico.
Tendo isso como um ponto chave na prática pedagógica com as crianças, observa-se
também o papel das práticas psicomotoras agregadas às atividades lúdicas e sua inserção na
educação infantil, implicando em uma nova visão, na qual não está só pautada nos conceitos
de messianismo, higenista e cognetivista, mas em uma dimensão total e global da criança.
Segundo Aranha (1996, p.51).
[...] educação é um conceito genérico, mais amplo que supõe o processo de
desenvolvimento integral do homem, isto é, de sua capacidade física, intelectual e
moral, visando não somente a formação de habilidades, mas também do caráter e da
personalidade social. O ensino consiste na transmissão de conhecimento.
Diante dessa concepção sobre o ato de educar/ensinar, deve-se observar o papel e a
importância de tudo que envolve o cuidar de uma criança, pois a atenção, cuidados e afetos
fazem parte deste processo, mas não e tudo, ao realizar tais atos a criança absolve estímulos
destas ações e os transforma em atitudes de desenvolvimento, motor, intelectual e afetivo,
entre outros.
Assim as atividades lúdicas devem ser ordenadas de forma a desenvolver a criança
plenamente, para isso é preciso que se tenha um conhecimento claro das etapas de
desenvolvimento motor e cognitivo da criança, para que haja uma organização e um
planejamento correto das atividades a serem desenvolvidas.
Pesquisas realizadas desde a década de 1970, demonstram que, todas as crianças
podem aprender, mas não sob qualquer condição. Antes mesmo de se expressarem por meio
da linguagem verbal, bebês e crianças são capazes de interagir a partir de outra linguagem
(corporal, gestual, musical plástica, faz-de-conta, entre outras) desde que, acompanhada por
parceiros mais experientes que devem incentivar a brincadeira, oferecer diferentes tipos de
materiais em função dos objetivos, organizarem o tempo e o espaço de modo flexível, são
algumas formas de intervenção que contribuem para o desenvolvimento e a aprendizagem das
crianças.
A brincadeira constitui-se em um momento de aprendizagem em que a criança tem
possibilidade de viver papeis, de elaborar conceitos e do mesmo tempo exteriorizar
o que pensa da realidade. Assim a brincadeira é uma atividade humana e social,
produzida a partir de seus elementos culturais, deixa de ser encarada como uma
atividade inata da criança (BRESSAN, 1998 p.30).
O brinquedo é a essência da infância, é um meio extremamente natural que possibilita
à criança explorar seu mundo, facilitando a apreensão de realidade sendo uma dinâmica entre
a atividade e a experiência envolvendo a participação total da criança. Exige movimentação
física, envolvimento emocional, além do desafio mental. Por ser essencialmente dinâmico e
ativo, o brincar possibilita a emergência de comportamentos espontâneos e improvisados.
Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona idéias,
estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas com o seu crescimento físico e
assim socializando-se. Dentro do aspecto da ludicidade o enfoque do desenvolvimento infantil
tem seu ponto de vista nos aspectos motor e afetivo associado ao cognitivo, assim ao se
trabalhar com as atividades lúdicas é preciso conhecer cada etapa do desenvolvimento da
criança e entender que as práticas lúdicas são atividades vivenciadas emocionalmente e que
têm uma influência marcante na apreensão de conhecimento pela criança. Para isso, cada
etapa de desenvolvimento, requer uma atividade lúdica específica para que não haja
discordância entre a atividade lúdica aplicada, a idade e o que se espera desenvolver na
criança.
Estudos realizados por Piaget (1971) entre outros, mostram que, desde o nascimento a
criança exerce controle sobre a obtenção e organização de suas experiências. Assim etapas de
desenvolvimento podem oferecer a compreensão do processo evolutivo e educativo, enquanto
construção humano de desenvolvimento. Neste desenvolvimento seqüencial do ser humano
depende um relacionamento harmônico dos aspectos psicomotores, cognitivos e afetivos, para
que o crescimento, a experiência, a adaptação e a maturação aconteçam de forma completa e
elaborada.
A partir dos estudos realizados pode-se observar uma contribuição significativa,
principalmente para a educação infantil, pois além das etapas de desenvolvimento das
crianças destacam a importância das relações entre o sujeito, o meio e o objeto. A
aprendizagem da criança de zero a seis anos, no espaço institucional, faz-se por meio da ação
e da observação sobre o meio, na construção de práticas e de sua capacidade simbólica, isso
tudo, por meio das interações sociais. Assim envolvido neste âmbito de aprendizagem
constrói o conhecimento social, afetivo, motor e cognitivo, pois as crianças pequenas têm o
desejo, a curiosidade e a necessidade de compreender o mundo em que vive, pois essa
necessidade está ligada à construção da sua própria identidade.
O meio mais importante para a formação da personalidade não e o meio físico, é o
meio social. Pouco a pouco, ela que se confundia com o meio vai se dissociar dele.
Sua evolução não é uniforme, mas feita de oposições é identificações. E dialética.
(WALLON Apud CABRAL, 2000, p.271)
Wallon (1975) considera o sujeito com “geneticamente social”, a criança deve ser
vista contextualizada na relação com o meio. O Esquema Corporal como sendo resultante das
múltiplas relações que a criança estabelece com os indivíduos que a cercam. E afirma que “o
desenvolvimento inicia na relação do organismo com o meio”, ou seja, do recém-nascido com
o meio humano, a partir desta relação humana desenvolve reflexos e movimentos impulsivos,
assim a criança passa a atuar no ambiente, o que Wallon denomina de “motricidade
expressiva”. Assim a matriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das funções
mentais. O movimento espontâneo transforma-se em gestos, ao se relacionar intencionalmente
adquire significado. No esforço mente e corpo envolve uma atividade no sentido duplo, sendo
uma atividade motricional, no qual está centrado todo o desenvolvimento da criança.
O brincar infantil é um processo de atividade intelectual que precede o conhecimento
da realidade pela criança, portanto o brincar é fundamental no processo de aprendizagem da
criança, por ser de natureza social, contribui para a formação e para a interação com o outro.
Nas brincadeiras, as crianças refletem a sua realidade, adquire e desenvolve conhecimentos, e
desenvolve o pensamento por meio de análise e sínteses das situações; mesmo quando brinca
sozinha, age fisicamente e interage verbalmente; reflete sobre a realidade, transformando-a
ativamente, criando, inventando, combinando realidade e fantasia, introduzindo na brincadeira
a ficção, lida e resolve contradições internas ao próprio jogo de brincar, às suas necessidades e
possibilidades em função das regras nele implícitas.
[...] esquema corporal não é um dado inicial, nem uma entidade biológica ou
psíquica, mas uma construção. [...] Estudar a gênese do esquema corporal na
criança, é indagar-se como a criança chega á representação mais ou menos global,
especifica e diferenciada de seu corpo próprio. [...] Esta aquisição é importante é o
resultado e a condição de legitima relações entre o indivíduo, e seu meio (W A L L
O N Apud. LE. CA M U S 1986, p.37).
Ao realizar uma atividade lúdica a criança desenvolve-se física e intelectualmente,
destaca-se com indivíduos ao mesmo tempo em que, estabelece convívio social, toma
iniciativa e estimula sua criatividade. Quando a criança brinca, ela transporta suas fantasias
para o mundo real e automaticamente prepara-se para a realidade.
O lúdico e importante em todas as fases da educação infantil, pois desenvolve o prazer
de explorar, extravasar, relacionar-se consigo e com os outros, de fantasiar, criar e divertir-se.
Por isso, o espaço no qual a criança está inserido dentro da educação infantil deve ser
acolhedor e possibilitar a realização de atividades lúdicas, prazerosas, pois é através do prazer
da satisfação que a criança absorve os aspectos relacionados entre atividade, o meio e a
aprendizagem.
Operacionalizar estes princípios [...] para construir-se o tema Gerador. “O enfoque,
exige mediação pedagógica na linguagem da criança de forma que ela entenda,
através das experiências lúdicas que favoreçam a assimilação gradativa dos
princípios norteadores, pelo teatro, história, espaços criativos brinquedos...”
[C.E.I.M, 1998, p.78].
Observa-se neste conceito que a brincadeira está ligada intimamente com o
desenvolvimento da cultura e da sociedade que esta inserida à criança, pois ela vê o mundo
que a rodeia através do brinquedo, expressando-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a
brincadeira tem um fator importantíssimo na infância. Para tanto o brincar é a essência do
pensamento lúdico e a característica das atividades executados na infância.
O Psicanalista Winnicott (1975), afirma que, “no brincar a criança manipula
fenômenos externos a serviço do sonho e veste esses fenômenos escolhidos como
significados”. Assim observa-se a importância da brincadeira na formação do ser humano no
seu caráter único, e no desenvolvimento da criatividade. “É no brincar, e somente no brincar,
que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utiliza sua personalidade integral: e é
somente sendo criativo que o indivíduo descobre seu eu” (WINNICOTT, 1975, p.80).
Diante de tais concepções, o educador tem função importante neste processo, pois ele
é um mediador entre a atividade lúdica desenvolvida e a criança, pois ao produzir espaço
relacional e educacional da criança, deve se ter a preocupação em reproduzir momentos de
prazer, de lazer e de construção do lúdico. No trabalho com as crianças, é preciso ter como
referência o grupo, no qual, elas estão inseridas, assim é fundamental traduzir uma proposta
curricular voltada para a educação infantil, construída a partir de uma concepção de infância.
É necessária que nos centros de educação infantil e na pré-escola seja operada a
possibilidade da brincadeira ou de jogos simbólicos que em alguns momentos são
organizados e dirigidos e, em outros momentos, organizados pelos educadores,
porém de livre opção pelas crianças. A possibilidade de participar desde a
construção dos mais diferentes materiais como fantasias, máscaras, fantoches,
marionetes, entre outras até a sua utilização em dramatizações, teatro ou outras
representações de sua opção, constitui-se em um espaço de vivencia onde a criança
trabalha com a imitação e a representação, desenvolve sua autonomia e a estrutura
de regras de convívio grupal, dentre outros. (BRESSAN, 1998 p.30)
Ao se refletir sobre a brincadeira e o brincar, observa-se uma atividade, da ação da
criança e nela o brinquedo/objeto são assimilados como um instrumento sociocultural, um
mediador que transmite valores. O brincar não acontece do nada, pois quando a criança pega
um pano e transforma-o mentalmente em capa de super-herói, o pano não foi um “material
lúdico”, mas a relação que a criança estabeleceu com esse material é que foi lúdico, o faz-deconta. Por isso é que para a criança qualquer objeto pode se tornar um brinquedo. A criança
tem o impulso de brincar, e através deste impulso dá significados diversos aos objetos e
relaciona-os ao mundo real.
Segundo Roza (1993, p.16) “aos olhos de uma criança, tudo é brinquedo”. Sendo
assim, a ficção ou imaginário é o tempero do brincar, nesse universo as coisas acontecem de
modo diferente da realidade, se tornado uma outra realidade, ou seja, e a realidade imaginária
da criança, contudo, a imaginação é marcada pela capacidade de conferir diferentes
significados, isso remete a origem da palavra lúdica que vem do latim: ludere, que significa;
ilusão, portanto, todo gesto lúdico é imaginário, ilusório.
Os jogos infantis (...) são em geral roteiros compreensíveis, que possuem coerência e
inteligibilidade, mesmo quando contêm elementos que se contrapõem à realidade
material: voar, mudar de tamanho, possuir superpoderes, etc. Esses elementos não
constituem para a criança nenhum sentimento de estranheza, pois no brincar há uma
consciência da irrealidade da trama, que é produzida intencionalmente, tal como nas
novelas de ficção. (BOZA 1993,p.81)
O desempenho do professor de educação infantil está centrado não apenas em um
trabalho pedagógico, mas na compreensão de todos esses fatores aos qual a criança está
relacionada por isso a afetividade e tão importante nesta relação, sendo por meio dessa relação
entre professor, atividade pedagógica, e o carinho, que os pequenos se envolvem
prazerosamente com as atividades que acompanham toda a dinâmica pedagógica oferecida à
criança, inclusive as lúdicas. Assim sendo, é preciso olhar a criança integralmente, tendo em
vista, as questões do desenvolvimento humano desde o nascimento.
3.2 Jogos na Educação Infantil: implicações da teoria de Piaget
Segundo Piaget (1971), há três tipos de atividades lúdicas, as quais demonstram a
importância do educador conhecer e administrar cada uma adequadamente ao seu trabalho
pedagógico que realiza com as crianças, pois tendo como base os estágios de
desenvolvimento pode-se ter uma perfeita compreensão de quais as atividades lúdicas e jogos
que se enquadram para cada etapa de desenvolvimento. A partir das concepções piagetianas,
se têm: os jogos de exercício, os jogos simbólicos e os jogos de regra.
Os jogos de exercícios caracterizam o período sensório - motor, sendo que, sua forma
de assimilação é funcional e repetitiva, tendo sua função à formação de hábitos. No início do
desenvolvimento, que é os primeiros meses de vida da criança formam-se hábitos na
qualidade de esquemas motores. O hábito é um padrão de reação adquirida, relativamente
estável, facilmente evocado e difícil de ser eliminado, sendo a maioria dos hábitos motores.
Para Piaget (1971), os hábitos são a principal forma de aprendizagem no primeiro ano de vida
e constituem a base para as futuras operações mentais. Assim os hábitos na educação infantil
favorecem a aquisição de hábitos mais complexos, ao qual, a criança vai precisar em todas as
etapas do seu desenvolvimento motor e cognitivo, pos a repetição pelo hábito é fonte de
significado, ou seja, de compreensão das ações, tendo importância na construção do
conhecimento escolar. O hábito leva a repetição no sentido funcional, é motriz para a
regularidade da ação, tão fundamental para o desenvolvimento. Assim é importante a função
de repetição com prazer, pois é saudável e requer na ludicidade o componente essencial.
Segundo Piaget, os jogos de exercícios vão permitindo as crianças desde pequenas agir e
experimentar o mundo que as rodeia.
Os jogos simbólicos caracterizam a atividade lúdica própria do período de
desenvolvimento pré-operatório, tendo a forma de assimilação deformante. Piaget denomina
deformante esta forma de assimilação em razão da realidade física e social a ser assimilada
pela criança isso por analogia, ou seja, da forma como a criança assimila e deseja a realidade
que a cerca. Sendo assim, quanto mais à criança, nesta faixa etária trabalhar com jogos
simbólicos, mais capacidade de assimilação ela terá, mesmo que seja deformante, pois os
significados que a criança atribui aos conteúdos de suas ações quando joga são deformações
dos significados correspondentes de sua vida social e física. Quando a criança fantasia ela
pode compreender a seu modo às situações presentes, isso favorece a integração da criança no
mundo social, o qual, cada vez mais complexo. As construções realizadas pela criança nos
jogos simbólicos e as regularidades vivenciadas anteriormente por ela nos jogos de exercícios
são fonte de futuras operações mentais, tendo um ponto de vista funcional e descobrindo o
valor da experimentação concreta.
Em várias obras de Piaget (1971) aparecem referências a atividades lúdicas, o brincar
propriamente dito, isso no sentido de evolução social, física, e cognitiva, mostrando como se
caracteriza em cada período do desenvolvimento da criança. No período sensório-motor, a
interação social da criança é limitada, predominando o brinquedo isolado, mas com caráter
implorativo, portanto, explorando as potencialidades dos objetos sem a necessidade de se
acomodar a eles. Podem ser repetidos pelo simples prazer que provoca na criança, desta forma
nota-se o caráter lúdico, o bebê executa as reações circulares primárias com o objeto e com
sigo mesmo, muitas vezes manifesta o prazer pelo sorriso.
Piaget (1971) afirma, “o símbolo lúdico desliga-se do ritual, sob a forma de esquemas
simbólicos, graça a um progresso decisivo no sentido da representação”.

desenvolvimento físico e intelectual da criança ao passar do período sensório-motor para o
pré-operatório observa-se a criança distingue com maior facilidade a situação de brincadeira
dominada pela assimilação, como se fosse um processo de colocar o mundo externo dentro da
criança, isto é, em sua vida mental em uma situação de buscar o entendimento da realidade,
assim as crianças coexistem no mundo infantil como se representassem dois planos de uma
mesma realidade. A atividade lúdica neste período é essencial, pois no brincar representa uma
assimilação da realidade ao próprio eu, portanto a criança conviverá com suas fantasias sem
distingui-las da realidade.
O jogo simbólico, do qual a brincadeira com bonecas e outros objetos, oferecem à
criança não apenas a oportunidade de atualizar seus instintos ou aprender normas culturais,
mas oferece a oportunidade de elaborar os conflitos cotidianos por ela vivenciados, ou realizar
seus desejos insatisfeitos, podendo trabalhar mentalmente com as angústias e alegrias
fortalecendo-se em termos de estruturação de personalidade e estruturação física e motora.
Nesse período a criança brinca em conjunto, tendo cada uma seu papel definido, iniciando o
que se pode chamar de simbolismo coletivo, assim como na evolução do pensamento há
também a evolução do brinquedo, verificando-se no período sensório-motor uma brincadeira
solitária, no pré-operacional as crianças brincam juntas, isto é, na presença uma das outras,
não exatamente uma com a outra, pois predomina nesta fase o egocentrismo.
A importância do jogo de regra para a construção do conhecimento é observada
quando a criança entra na escola, pois atua com um sentido (como) e simbólico (para quê),
assim é um conjunto de jogo de significado que a criança conheceu desde os seus primeiros
anos de vida e que determinará as funções cognitivas e motoras que realizará na sua trajetória
escolar no desenvolvimento as diversas habilidades necessárias para a aprendizagem.
3.3 O Trabalho do professor com atividades lúdicas e jogos.
Com base nas fases de desenvolvimento citada por vários estudiosos, considerando
que a criança será aquilo que o meio lhe solicitar, o ponto chave da metodologia de uma
educação infantil está no desempenho do professor em selecionar para o seu trabalho
pedagógico atividades espontâneas que utilizem os sentidos e a motricidade, bem como a
convivência grupal no preparo para as operações lógicas apoiando-se na coordenação geral
das ações nas relações interindividuais.
O professor tem que estar consciente que a metodologia a ser empregada deverá estar
implícita na atividade e que terá sempre alguma conduta a desenvolver ou algum elemento do
meio a ser assimilado pela criança.
Na abordagem com brincadeiras e jogos, pode-se estabelecer a forma de trabalho, mas é
importante estar atento, pois o professor tem uma outra visão do que é brincar, isso está
relacionado com uma metodologia a ser desenvolvida com a criança.
A criança não fica pensando o porquê brinca, mas o educador precisa constantemente
procurar saber o que o brincar tem no desenvolvimento da criança visto que, são muitos
aspectos a serem levados em conta como, o motor, o físico, cognitivo e o afetivo. Assim o
professor deverá correlacionar às atividades visando à dimensão da criança como um todo.
Por exemplo, ao manipular um material ou se envolver em uma atividade a criança deve ser
estimulada em todos os aspectos possíveis, pois a coerência de atividades durante a relação
professor-aluno, é responsável pelo desenvolvimento da criança, a qual adquire condições pra
agir sobre o ambiente, descobrindo relações entre os elementos que o compõem. Com relação
a esses aspectos envolvem operações Sensório-Motoras que se dividem em subetapas, todas
interligadas, pois na ação da criança em pegar um objeto ela mobiliza todo o seu corpo
inclusive seus neurônios e músculos, ativando assim as percepções reflexivas, por isso ao
realizar uma atividade lúdica ou até mesmo um jogo orientado ou livre o professor deverá
verificar a que objetivos espera alcançar no desenvolvimento da criança.
Deve-se rodear a criança de um ambiente facilitador da aprendizagem, isso desde o
início, assim o educador deve estar sempre atento aos sinais que a criança apresenta e a partir
deles levá-la a um novo nível de exploração por meio de experiências de dificuldade gradual.
Tendo em vista todos esses aspectos o educador precisa conhecer alguns materiais que
estimulam as crianças, e a quais áreas elas desempenham o desenvolvimento.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
 Quanto às atividades desenvolvidas com as crianças de 0 a 5 anos foram propostas de
forma que cada qual desenvolvesse as habilidades que correspondesse a cada faixa etária que
se atende no Centro Educacional Infantil.
 Para tanto se observou durante as atividades que houve receptividade por parte das
crianças que interagiram correspondendo ao comando que lhes eram propostos com sucesso
 Percebeu-se com as atividades lúdicas em que se priorizavam os jogos e as
brincadeiras, que as crianças apresentavam harmonia, prazer, socialização, em fim
demostraram-se aptas ao desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo, funções imprescindíveis
para a Educação Infantil.
 Portanto, o conhecimento teórico conjuntamente com a prática, enfatizou a
necessidade de que, a ludicidade seja algo constante em todo processo educacional. Pois é
através da mesma que a criança brinca para conhecer-se a si própria e aos outros em suas
relações recíprocas para aprender as normas sociais de comportamento e hábitos determinados
pela cultura a qual está inserida.
5 CONCLUSÃO
Nesse contexto, ressalta-se que a principal característica do homem, é imaginativa, e
essa é essencialmente dramática. Provando que o processo criativo é um dos mais vitais para
os seres humanos, essa imaginação dramática, por sua vez, tende de ser fundamentada a partir
de métodos modernos de ensino.
Pretendeu-se assim, com esse artigo que se observem os componentes curriculares e
desenvolvidos através de situações lúdicas e naturais, buscando o desenvolvimento físico, ou
seja, que a criança tenha o conhecimento do próprio corpo.
Para tanto, observou-se que por meio dos jogos de situações, os alunos têm seu mais
espontâneo meio de expressão, usando a simulação. Reunindo jogos dramáticos aos criativos,
estimulando uma reformulação de idéias (consciente ou inconsciente), possibilitando novas
atitudes, estabelecendo uma relação entre o educando e os personagens. Também se incentiva
o interesse pelo conhecimento de outras disciplinas, a coordenação da expressão do corpo, a
expressão verbal e completa, e o binômio ensino-aprendizagem, dentro da escola e fora dela e
junto à comunidade.
Portanto, ao se propor atividades e jogos criativos como uma das saídas viáveis para
uma maior integração entre as áreas afins e para desenvolver valências esquecidas nas
aprendizagens.
Enfim, a riqueza das atividades lúdicas é indiscutível e deve ser priorizada na
educação infantil, sempre considerando os períodos de desenvolvimento da criança e na
utilização de jogos e brincadeiras, è preciso escolher cuidadosamente os mais próximos da
realidade da criança e respeitando seus movimentos motores e esquemas de elaboração
mental, pois cada criança é única e tem seu próprio desenvolvimento. Assim, a
compatibilidade de atividades com os períodos de desenvolvimento mental e motor da criança
é essencial para um pleno trabalho pedagógico.
ABSTRACT
This article has aimed to present the importance of play activities and games throughout the
development process of the child being treated in early childhood education to other areas of
learning. The stages of development should be known for that playful activities and games to
play not only the child's pleasure in playing, but develop other skills that are essential to
cognitive, motor, and affective. It features among some authors that discuss the importance of
the theme proposed for development in ways that work the motor action of the child. To do
so, work with play activities and games is paramount in this process, since play is the essence
of the child through play and it builds and rebuilds his personality and his world, so is
structured to further challenges.
Keywords: Recreational activities. Games. Child. Learning.
REFERÊNCIAS
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WINNICOTT, D. W. O brincar ; a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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