segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Niveis de alfabetização. Emília Ferreiro


Por acreditarem que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico e que o processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por níveis de conceitualização que revelam as hipóteses a que chegou a criança, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky definiram , em seu Psicogêne da Língua Escrita, cinco níveis:
•             Nível 1: Hipótese Pré-Silábica;
•             Nível 2: Intermediário I;
•             Nível 3: Hipótese Silábica;
•             Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II;
•             Nível 5: Hipótese Alfabética.

A caracterização de cada nível não e determinante, podendo a criança estar em um nível ainda com características do nível anterior. Essas situações são mais freqüentes nos níveis Intermediários I e II, onde freqüentemente podemos nos deparar com contradições na conduta da criança e nos quais se percebe aa perda de estabilidade do nível anterior e a não estabilidade no nível seguinte, evidenciando o conflito cognitivo.
•             Nível 1: Hipótese Pré-Silábica;
A criança:
-              não estabelece vinculo entre fala e escrita;
-              demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;
-              usa letras do próprio nome ou letras e números d\na mesma palavra;
-              caracteriza uma palavra como letra inicial;
-              tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;


•             Nível 2: Intermediário I;
A criança:
-              começa ater consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita;
-              começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras;
-              conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.
•             Nível 3: Hipótese Silábica;
A criança:
-              já supõe que a escrita representa a fala;
-              tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
-              já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba;
-              em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.

•             Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II;
A criança:
-              inicia a superação da hipótese silábica;
-              compreende que a escrita representa o som da fala;
-              passa a fazer uma leitura termo a termo; (não global)
-              consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo.
•             Nível 5: Hipótese alfabética.
A criança:
-              compreende que a escrita tem função social;
-              compreende o modo de construção do código da escrita;
-              omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;
-              não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;
-              não e ortográfica e nem léxica.
A alfabetização não é mais vista como sendo o ensino de um sistema gráfico que equivale a sons. Um aspecto que tem que ser considerado nessa nova perspectiva e que a relação da escrita com a oralidade não é uma relação de dependência da primeira com a segunda, mas e antes uma relação de interdependência, isto e, ambos os sistemas de representação influenciam-se igualmente.
Temos então que a concepção que em geral se faz a respeito da aquisição da linguagem escrita, corresponde a um modelo linear e “positivo” de desenvolvimento, segundo o qual a criança aprende a usar e decodificar símbolos gráficos que representam os sons da fala, saindo de um ponto ‘x’ e chegando a um ponto ‘y’.
O dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais, mostra-se preocupante, considerando que a cada momento, o educador encontra-se diante de alguns obstáculos, principalmente quando se refere à leitura e suas interpretações.Essa dificuldade embora comuns, se difunde em outras, como interpretação de textos, ditado, cópia e etc..., o que numa linguagem atual se reporta às técnicas de redação. Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios para escrever, expressar suas emoções, falar etc. Nesse contexto, o professor precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de criar mecanismo para seu enfrentamento, reconhecendo que na fase inicial, a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que no decorrer da vida escolar, se contemporizam com outros, podendo gerar conflito ou dificuldades.

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